quinta-feira, 15 de outubro de 2015

'Imposição do Brasil' ou língua do futuro? Acordo ortográfico divide Portugal

Mamede Filho 
BBC Brasil

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 (Foto: Ivo Miguel Barroso/Acervo pessoal)
Manifestantes protestam contra o Acordo Ortográfico em Lisboa 

Portugal não se entende sobre o Acordo Ortográfico. Criado com o objetivo de aproximar as diferentes variantes do idioma, o instrumento é encarado por parte dos portugueses como uma imposição da versão brasileira da língua e uma ameaça real a um dos símbolos de maior orgulho do país europeu.

Diversas razões são apontadas para justificar essa sensação de domínio brasileiro sobre a nova ortografia. Entre as principais, está a retirada das consoantes mudas da escrita lusa, alterando a grafia de palavras como "óptimo" e "acto" para a maneira adotada no Brasil.

Segundo o Ministério da Educação brasileiro, o Acordo Ortográfico altera 1,3% dos vocábulos portugueses e 0,8% dos brasileiros. Ratificado em 2008, será obrigatório no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2016, enquanto isso ocorreu em Portugal em maio passado.

"Os nossos governantes impuseram-nos um modelo que nada tem a ver conosco. E não é porque o Brasil fala assim que vão nos obrigar a fazê-lo", diz à BBC Brasil a professora de filosofia e escritora Maria Saraiva de Menezes, que faz parte de um crescente movimento contrário ao acordo.

"A língua evoluiu naturalmente no Brasil para essas alterações. Aqui em Portugal, não. Portanto, a imposição não tem fundamento."
Referendo popular
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Montagem do movimento "Referendo ao Acordo Ortográfico de 1990"
 pede que os portugueses não adotem a nova ortografia 

Nos últimos meses, Maria de Menezes e outras centenas de portugueses – entre eles políticos, acadêmicos e artistas – têm saído às ruas para recolher assinaturas com a esperança de conseguir um referendo popular que discuta o Acordo Ortográfico. Os manifestantes cobram o direito de debater abertamente o tema, que teria sido tratado apenas na esfera política.

"A população não foi ouvida quando o acordo foi firmado ou implantado, e temos certeza de que a maioria de nós, portugueses, é contrária a ele. Temos o direito de debater abertamente sobre um assunto tão importante, que tem influência direta no nosso país", argumenta o jurista Ivo Miguel Barroso, administrador do grupo virtual "Cidadãos Contra o Acordo Ortográfico de 1990", que reúne quase 30 mil pessoas no Facebook.

Defensor da unificação das grafias, o escritor e ex-eurodeputado por Portugal Rui Tavares acredita que, por trás da visão "extremada" de parte de seus compatriotas, estaria uma espécie de "complexo de inferioridade" despertado por problemas que o país europeu enfrentou nos últimos anos.

"A visão extremada sobre o acordo é uma mera projeção dos portugueses em relação a suas próprias fraquezas. O país atravessa por um momento de crise e isso acaba por fazer com que muita gente interprete qualquer coisa como um sinal de vulnerabilidade", diz Tavares.

"Para mim, é um mistério o fato de algumas pessoas considerarem o acordo algo até humilhante. Isso revela uma visão complexada."

Outro notório "acordista", o professor catedrático Carlos Reis, coordenador do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, argumenta que apenas uma parcela ínfima dos portugueses resiste às novas regras, por não aceitar que Portugal, nos últimos 40 anos, tenha deixado de ser o "proprietário" do idioma para ser mais um "condômino", junto com outras sete nações.

"Convém não confundir a agressividade de algumas pessoas – e de um determinado jornal, em particular, que é das poucas exceções à regra – com a realidade das coisas. Outras exceções acontecem por ignorância e falta de preparação, não por vontade de contrariar o Acordo Ortográfico", afirma Reis.

Interesse da mídia
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(Foto: Maria Saraiva de Menezes/Acervo pessoal)
Manifestantes protestam contra o Acordo Ortográfico em Lisboa 

Desde que a nova ortografia passou a ser obrigatória, a maior parte da mídia local optou por adotá-la, mesmo com a oposição de parte de seus funcionários.

"A verdade é que, entre jornalistas e escritores portugueses, praticamente ninguém é a favor desse acordo. Mas, como são profissionais, acabam aceitando-o, por lhes ser imposto por seus empregadores", afirma o jornalista Nuno Pacheco, fundador do jornal Público, a principal voz contra o Acordo Ortográfico na imprensa lusa.

Justificativas não faltam para que a maioria dos veículos de comunicação portugueses abrace o acordo, mesmo supostamente contrariando a vontade dos seus jornalistas.

Geograficamente limitados a uma população de pouco mais de 10 milhões de pessoas, a oportunidade de se aproximar de um mercado como o brasileiro, mesmo que este passe por um momento de instabilidade econômica, é considerada importante demais para ser menosprezada.

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(Foto: Maria Saraiva de Menezes/Acervo pessoal)
Manifestante pede a realização de um referendo 
sobre a adoção do Acordo Ortográfico em Portugal 

"A existência de um espaço comum para a língua portuguesa é absolutamente chave para a otimização das oportunidades e o aproveitamento cultural, social e econômico possibilitados por uma língua moderna, culta, viva e falada por quase 300 milhões de pessoas, das quais mais de 200 milhões estão no Brasil", explica o executivo Miguel Gil, membro do conselho de administração do grupo Media Capital, um dos mais importantes do país europeu.

"Obviamente Portugal é o primeiro país interessado nisto, e o Brasil é o principal país para a natural expansão e crescimento das atividades das empresas de mídia portuguesas."

O desejo de expandir os negócios para o Brasil fica mais evidente quando explicado por números. No fim de 2013, cerca de 90 milhões de brasileiros já eram utilizadores da internet, enquanto os internautas portugueses chegavam a somente 5,7 milhões.

Esse abismo também é constatado no investimento em publicidade na mídia, que no mercado brasileiro gerou um volume de R$ 121 bilhões em 2014, enquanto em Portugal somou apenas R$ 1,64 bilhão no mesmo período. Para Nuno Pacheco, porém, não será o Acordo Ortográfico o responsável por escancarar as portas do mercado brasileiro às empresas de mídia portuguesas.

"Esta é uma ilusão que foi criada para justificar as mudanças. O português do Brasil e o de Portugal seguiram caminhos distintos, tanto no vocabulário quanto na construção verbal, e o acordo não muda isso", diz Pacheco.

"O que deveríamos fazer é investir em dicionários unificados, que expliquem os diferentes termos e a qual variante da língua eles pertencem. Isso faria com que nos entendêssemos de verdade, e sem abrir mão das particularidades que o idioma tem em cada local onde é falado."

Idioma na contramão

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(Foto: Ivo Miguel Barroso/Acervo pessoal)
Passeata no Centro de Lisboa pede referendo sobre o Acordo Ortográfico 

Os avessos à ortografia unificada alegam ainda que a mudança faz com que o português ande na contramão da evolução dos idiomas, contrariando uma tendência universal de multiculturalidade.

"Estamos caminhando no sentido contrário ao restante do mundo. A diversificação é uma característica valorizada por todos os idiomas. Não faz sentido que caminhemos na direção oposta", diz Pacheco.

"Se o inglês tem 54 versões da língua, respeitando as diferenças culturais onde é falado, mas mantendo a matriz para a qual é sempre possível remeter em caso de filiação, por que razão o português quererá meter num caldeirão a língua falada em vários continentes e dizer que é tudo igual, quando na realidade não é?", questiona Maria de Menezes.

Rui Tavares discorda dessa visão e acredita que, em vez de arrastar o português para o passado, a nova ortografia abre caminho para um importante desenvolvimento da língua no futuro.

"Ficamos muito tempo agarrados a discussões extremadas. Agora que temos um acordo aplicado, temos de ultrapassar as polêmicas e trabalhar em conjunto para divulgar o português no cenário internacional, fazê-lo ganhar força em organismos políticos mundiais como a ONU. Todos temos muito a ganhar com isso, especialmente os portugueses, apesar de alguns ainda não se darem conta disso."

Três canais do YouTube que ajudam a estudar na reta final para o Enem

Da redação
Veja online

Há vários links relacionados a vídeos com revisões de disciplinas e estratégias para obter bons resultados nas provas. Confira os mais acessados

(iStockphoto/Getty Images)
 Vídeos do YouTube ajudam a revisar ou 
complementar os conteúdos para o Enem 

Faltando dez dias para o Enem, aulas em vídeo na internet são uma opção para ajudar nos estudos, com revisões das matérias ou informações complementares para as disciplinas. No YouTube, há vários links estão relacionados a professores e ex-alunos de cursinhos especializados em revisões de disciplinas e nas estratégias para obter bons resultados nas provas.

As aulas costumam ser curtas, entre 10 e 20 minutos, com explicações dinâmicas e apoio de recursos multimídia para as explicações. Alguns canais exibem aulas pagas, mas boa parte delas são gratuitas e acessadas por milhões de candidatos que buscam dicas atualizadas para o exame.

Confira os canais mais acessados do site:

Descomplica




Desde 2011, o professor de física Marco Fisbhen grava vídeos e gerencia o canal Descomplica que tem mais de 12 milhões de visualizações. Todas as matérias cobradas pelo Enem são abordadas e os professores explicam em vídeos curtos os conteúdos mais difíceis do exame. O acesso ao conteúdo das 15.000 aulas online é pago – a opção mensal custa 29,99 reais e inclui uma redação corrigida por mês, quatro aulas ao vivo e diárias e três monitorias por semana. No entanto, há alguns conteúdos gratuitos que podem ajudar na revisão dos conteúdos. 

  

Matemática com o Professor Gui




Com um canal no YouTube focado em Matemática que tem mais de 10 milhões de visualizações, Guilherme Miguel Rosa, o Professor Gui, disponibiliza explicações, resoluções comentadas  de exercícios do Enem e de outros vestibulares . Em seu site Matemática em Exercícios, há ainda arquivos em pdf com as questões das aulas e gabaritos.  


Mundo Edu




De maneira irreverente e simples, o site Mundo Edu é focado em pacotes de aulas sobre os conteúdos abordados pelo Enem. A maior parte dos vídeos é pago, mas há alguns gratuitos, de matérias como História, Física, Geografia, Português, Literatura e Redação. Os vídeos são produzidos com vários efeitos visuais, em aulas de 10 ou 15 minutos. Ainda há uma área exclusiva para os internautas matriculados e pagantes do serviço: o “intensivão” da reta final custa 29,90 reais. 

Loja promove campanha usando cartazes com erros de Português

Guilherme Dearo 
EXAME.com 

Reprodução 
Comercial da Multisom: homenagem aos professores

São Paulo - A marca Multisom pensou numa maneira criativa de homenagear os professores no Dia do Professor, 15 de outubro.

Pela loja, a marca espalhou somente cartazes com erros grosseiros.

Os cartazes trouxeram palavras como "tevelizão", "pleisteixon" e "tabrete" - televisão, Playstation e tablet.

Muitas pessoas que passaram pela loja perceberam os erros e tiraram fotos.

Escrito no pé do cartaz, a mensagem da campanha: "Analfabetismo não tem graça. Se não fosse pelo seu professor, você não estaria rindo".

Confira o vídeo:






'Brasil tem boas práticas na educação, mas tem de compartilhá-las pelo país'

Paula Adamo Idoeta
BBC Brasil 

Image copyright Pedro Ribas ANPr Image caption 
Para consultor, Brasil pode se beneficiar da colaboração 
entre as redes de ensino, disseminando boas práticas

Em tempos de crise econômica e austeridade, é ainda mais importante para o Brasil criar um ambiente em que a educação avance e que boas práticas existentes possam ser compartilhadas, diz o especialista britânico David Albury, que participa de projetos educacionais em diferentes partes do país.

Albury é professor visitante de Estudos de Inovação no King's College, em Londres, diretor da Global Education Leaders' Partnership (comunidade de líderes e consultores em educação) e presta consultoria a redes de ensino em 13 países.

Na cidade gaúcha de Viamão (RS), ele participa de um plano na rede municipal a partir da metodologia chamada de problem-based learning (ensino baseado em problemas), em que questões relevantes aos alunos e suas comunidades são o ponto de partida para o aprendizado prático e para a busca de soluções pelos próprios estudantes.

Albury esteve em São Paulo recentemente para participar do seminário "Liderança e Inovação na Educação", da Fundação Santillana. Ele conversou com a BBC Brasil por telefone:


BBC Brasil - Como é o projeto do qual o senhor participa em Viamão (RS)?
David Albury - Pela (metodologia de) "ensino baseado em problemas", os estudantes participam de projetos e os usam para adquirir conhecimento. Os projetos levantam questões (relativas à comunidade), e os estudantes apresentam ao restante da escola o resultado das pesquisas.

Os estudantes ficam realmente motivados e ganham mais aptidão a aprender, pesquisar, desenvolver habilidades.


 Image copyright Prefeitura de Viamao Image caption  
Consultor está participando de ação em cidade gaúcha de Viamão, 
onde diz que as crianças têm se envolvido mais com projetos da comunidade

BBC Brasil - Como melhorar o desempenho dos estudantes brasileiros, atualmente muito mal posicionados em rankings internacionais de educação?
Albury - De fato é um grande problema: como dar a todos os estudantes do país as habilidades e os conhecimentos que eles precisam para serem bem-sucedidos e prosperarem no século 21.

A primeira coisa é dar condições e apoio para que as escolas e professores desenvolvam boas práticas de ensino, usando exemplos do Brasil e de outras partes do mundo.

É preciso fazer com que as escolas trabalhem juntas de modo que sintam que estão colaborando com um ensino do século 21. Se você cria esse ambiente nas instâncias municipais, estaduais e federal, acho que o (cenário do) país é promissor.

Há centenas de exemplos de inovação de grandes escolas, mas é preciso criar as condições para que essas práticas sejam compartilhadas.

BBC Brasil - Que boas práticas viu no país?
Albury - Fiquei impressionado em especial com uma escola de Viamão em que os estudantes, em grupos, estão realizando projetos nas comunidades ao redor (por exemplo, com reciclagem e arte nas aulas). Dá para ver pelo seu envolvimento que eles estão aprendendo a pesquisar e a resolver problemas.

Há outros projetos em andamento pelo país, como o Escola Digital (plataforma gratuita com videoaulas, jogos e outros recursos de apoio à educação), que ajuda muitas escolas no Brasil a desenvolver recursos digitais e usar tecnologia.

BBC Brasil - Como disseminar mais essas práticas? Uma boa escola pode ajudar uma que não vá tão bem?
Albury - Muito do meu trabalho é ajudar grupos (de determinadas escolas) a se juntarem e compartilharem (seu trabalho), reunindo os professores e elaborando workshops que resultem na criação, em conjunto, de práticas de trabalho com os estudantes.

Espero conseguir também trazer processos e redes de contato do redor do mundo para ajudá-los nesse processo colaborativo e a pesquisar com os próprios estudantes o que eles acham relevante em sua educação.

 Image copyright divulgação Image caption 
David Albury presta consultoria em diferentes cidades e Estados do país

BBC Brasil - O país ainda tem uma enorme desigualdade na educação. Como combater isso?
Albury - Mesmo nas escolas (que trabalham) em circunstâncias muito difíceis, mesmo nas escolas cujas crianças vêm de famílias muito pobres, é possível criar um ambiente fantástico de aprendizado, que envolva o estudante e o permita desenvolver habilidades básicas.

Claro que é algo de longo prazo, mas o que temos de fazer é juntar a energia e paixão dessas escolas e desses professores.

O governo tem o papel de criar condições para que escolas, professores e entidades parceiras possam colaborar e compartilhar o conhecimento, atravessando fronteiras estaduais.

Não é só uma questão de achar projetos (bem-sucedidos), mas conectá-los para que se tornem ações mais poderosas de aprendizagem.

BBC Brasil - Podemos melhorar a educação no atual ambiente de austeridade e cortes de gastos na educação?
Albury - Claro que algumas mudanças são muito mais difíceis de serem feitas quando há grandes cortes. Mas sei, a partir de exemplos ao redor do mundo e até de alguns lugares no Brasil, que se você (valorizar) o trabalho e o comprometimento de professores que querem ter um impacto no ensino dos alunos, é possível fazê-lo mesmo em tempos de austeridade.

Muitos estudos mostram que quando países estão diante de dificuldades econômicas, a principal prioridade deve ser fomentar a capacidade dos jovens para que eles se tornem agentes da economia.

Então, em tempos de dificuldades econômicas, é ainda mais importante criar um ambiente em que a educação possa melhorar.

 Image copyright Thinkstock Image caption 
Consultor defende ensino mais baseado
 em projetos ligados à vida real dos alunos

BBC Brasil - O ensino médio é considerado a etapa mais problemática atualmente e convive com altas taxas de evasão e defasagem.
Albury - Temos de ser honestos: a principal razão pela qual tantos estudantes desistem da escola é que eles simplesmente não acham a educação oferecida relevante para suas vidas.

Muitas vezes não é que o estudante esteja desconectado da escola, mas sim que a escola está desconectada dele.

Isso é abordado no "aprendizado baseado em problemas": criar projetos que despertem o interesse dos jovens, que lhes façam sentir que o aprendizado é realmente relevante para ele e sua comunidade.
Nosso trabalho como educadores e líderes é desenvolver modos que permitam aos estudantes aprender dessas experiências (práticas), focadas em questões que tenham sentido. É assim que você reduz taxas de evasão e aumenta a adesão.

BBC Brasil - O Reino Unido realizou uma reforma educacional alguns anos atrás. Podemos tirar alguma lição dela?
Albury - A primeira lição é: se você liberar o potencial de professores e estudantes para desenvolver boas práticas, ficará surpreso com o poder das inovações que eles produzem.

A segunda é que a reforma focou muito em dar autonomia a cada escola. O que aprendemos desde então é a importância da colaboração, de facilitar que as escolas trabalhem juntas - dar liberdade para as escolas para que elas consigam desenvolver boas práticas mas também apoio com ferramentas, estrutura e condições de compartilhar suas experiências.

Uma regra simples para saber usar a crase

Editado por Claudia Gasparini (*)
EXAME.com

Thinkstock/OcusFocus 


Na última semana, separei algumas manchetes para que, hoje, pudesse comentar sobre o uso do acento grave. Analisemos:

“Carta de renúncia deve ser encaminhada à Diretoria”

“Verba direcionada à Educação”

“O pedido de análise já foi enviado à Câmara”

A compreensão sobre o uso do acento grave está em sua “indicação de duas palavras”. O acento grave vale por dois termos.

Note, por exemplo, como “à” pode ser substituído por “para a” – sem que haja alteração alguma de sentido:

“Carta encaminhada para a Diretoria”

“Verba direcionada para a Educação”

“Pedido enviado para a Câmara”

Quando essa substituição (por PARA A) não for possível, o acento grave (em A) não existirá e será apenas prepositivo:

“Carta encaminhada a você”

“Verba direcionada a todos os artistas”

Entendida essa “validade por dois”, vale a pena estudar os casos que envolvem “moda” (como em "à francesa", "à brasileira" etc.); as famosas locuções adverbiais femininas (como em "à medida que", "à zero hora", "às vezes" etc.); os três casos clássicos facultativos. Falaremos desses assuntos em outra oportunidade.

Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!

(*)  Diogo Arrais- Professor de Língua Portuguesa – 
(*) Damásio Educacional - Autor Gramatical pela Editora Saraiva

Como Portugal comprou o Nordeste dos holandeses por R$ 3 bi

Luís Guilherme Barrucho
BBC Brasil 

 Image copyright Wikipedia Image caption
Quadro do pintor brasileiro Victor Meirelles de Lima retrata
 Batalha dos Guararapes (1648/1649), que encerrou período
 do domínio holandês no Brasil

Mesmo depois de terem sido derrotados, os holandeses receberam dos portugueses o equivalente a R$ 3 bilhões em valores atuais para devolver o Nordeste ao controle lusitano no século 17.

O pagamento ─ que envolveu dinheiro, cessões territoriais na Índia e o controle sobre o comércio do chamado Sal de Setúbal – correspondeu à época a 63 toneladas de ouro, como conta Evaldo Cabral de Mello, historiador e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), no livro O negócio do Brasil, que está sendo relançado em uma nova edição ilustrada pela Editora Capivara, de Pedro Correia do Lago, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional. A edição original foi lançada em 1998.

Em valores atuais, o montante equivaleria a 480 milhões de libras esterlinas (ou cerca de R$ 3 bilhões). O cálculo foi feito à pedido da BBC Brasil por Sam Williamson, professor de economia da Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, e co-fundador do Measuring Worth, ferramenta interativa que permite comparar o poder de compra do dinheiro ao longo da história.

"Esta foi a solução diplomática para um conflito militar. O pagamento fez parte da negociação de paz. O que não quer dizer que a guerra não tenha sido necessária", afirmou Cabral de Mello à BBC Brasil.

'Pechincha'

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Bandeira da Nova Holanda, como ficou conhecida a colônia 
da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Brasil

Os holandeses ocuparam o Nordeste por cerca de 30 anos, de 1630 a 1654, em uma área que se estendia do atual Estado de Alagoas ao Estado do Ceará. Eles também chegaram a conquistar partes da Bahia e do Maranhão, mas por pouco tempo.

Por trás das invasões, havia o interesse sobre o controle do comércio e comercialização da matéria-prima.

Isso porque, como conta Cabral de Mello, antes mesmo de ocupar o Nordeste, os holandeses já atuavam na economia brasileira com o apoio de Portugal, processando e refinando a cana de açúcar brasileira.

 Image caption 
Gravura holandesa retrata o cerco a Olinda em 1630

"Quando o reino português foi incorporado pela Espanha, essa parceria acabou. Os espanhóis romperam esse acordo, que rendia altos lucros aos holandeses. Além disso, a relação entre os holandeses e os espanhóis já não era boa, já que a Holanda havia se tornado independente do império espanhol em 1581", diz o historiador.

Durante o período em que ocuparam parte do Nordeste, os holandeses foram responsáveis por inúmeras mudanças importantes, inclusive urbanísticas, principalmente durante o governo de Johan Maurits von Nassau-Siegen, ou Maurício de Nassau.

Com o intuito de transformar Recife na "capital das Américas", Nassau investiu em grandes reformas, tornando-a uma cidade cosmopolita. Apesar de benquisto, ele acabou acusado por improbidade administrativa e foi forçado a voltar à Europa em 1644.

'Sem heroísmo'

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Quadro do pintor espanhol Juan Bautista Maíno retrata 
reconquista de Salvador pelas tropas hispano-portuguesas (1635)

Naquele ano, Portugal já havia se separado da Espanha, mas demorou para enviar soldados para retomar o Nordeste. A região só foi reintegrada em janeiro de 1654.

Cabral de Mello, que é especialista no período de domínio holandês, diz que a tese de que os holandeses foram expulsos pela valentia dos portugueses, índios e negros "não é completa".

"Os senhores de engenho locais financiaram a luta pela expulsão dos holandeses, já que deviam mundos e fundos à Companhia das Índias Ocidentais, que lhe havia emprestado dinheiro. Eles, no entanto, não tinham como pagar a dívida", explica o historiador.

"Os holandeses acabaram derrotados, mas não sem antes pressionar Portugal pelo pagamento dessa dívida, inclusive chegando a bloquear o Tejo (Rio Tejo). O pagamento não foi feito em ouro, mas um observador da época fez a correspondência para o metal precioso".

"Portugal teve de pagar 10 mil cruzados aos holandeses. Também fez parte do acordo a transferência do controle de duas possessões territoriais portuguesas na Índia ─ Cranganor e Cochim ─ e o monopólio do comércio do Sal de Setúbal".

Os 50 erros de português mais comuns no mundo do trabalho

Claudia Gasparini
EXAME.com

Thinkstock/Ryan McVay
 Borracha: deficiência na educação de base do brasileiro leva
à recorrência de erros de português no mundo do trabalho

São Paulo - Certas competências são obrigatórias para profissionais de qualquer área. O domínio do português é uma delas.

Ainda assim, infrações à norma culta da língua são uma constante no mundo corporativo - e em qualquer nível hierárquico.

A alta frequência de erros reflete problemas na educação de base do brasileiro, segundo Rosângela Cremaschi, professora de comunicação escrita na Faap e consultora na RC7.

"No nosso país, geralmente não é preciso estudar muito para passar de ano", explica. "Por isso, a maioria não se aprofunda no próprio idioma e ingressa no mercado de trabalho com muitas dúvidas sobre o assunto".

Além de deficiências na formação básica, a falta de familiaridade com a escrita também contribui para o problema.

Segundo a professora, quem lê pouco - e escreve de forma mecânica - está mais suscetível a "atropelar" alguns preceitos básicos da língua.

Veja a seguir os 50 erros de português mais comuns no mundo do trabalho de acordo com Rosângela. As informações foram retiradas da obra "Livro de anotações com 101 dicas de português" (Editora Hunter Books, 2014), de autoria da professora:

1- Anexo / Anexa

Errado: Seguem anexo os documentos solicitados.

Certo: Seguem anexos os documentos solicitados.

Por quê? Anexo é adjetivo e deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere. 

Obs: Muitos gramáticos condenam a locução “em anexo”; portanto, dê preferência à forma sem a preposição. 


2- “Em vez de” / “ao invés de”

Errado: Ao invés de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião.

Certo: Em vez de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião.

Por quê? Em vez de é usado como substituição. Ao invés de é usado como oposição. Ex: Subimos, ao invés de descer.


3- “Esquecer” / “Esquecer-se de”

Errado: Eu esqueci da reunião.

Certo: Há duas formas: Eu me esqueci da reunião. ou Eu esqueci a reunião.

Por quê? O verbo esquecer só é usado com a preposição de (de – da – do) quando vier acompanhado de um pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos).


4-“Faz” / “Fazem”

Errado: Fazem dois meses que trabalho nesta empresa.

Certo: Faz dois meses que trabalho nesta empresa.

Por quê? No sentido de tempo decorrido, o verbo “fazer” é impessoal, ou seja, só é usado no singular. Em outros sentidos, concorda com o sujeito. Ex: Eles fizeram um bom trabalho.


5- “Ao encontro de" / “De encontro a”

Errado: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio de encontro ao que desejavam.

Certo: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio ao encontro do que desejavam.

Por quê? “Ao encontro de” dá ideia de harmonia e “De encontro a” dá ideia de oposição. No exemplo acima, os diretores só podem ficar satisfeitos se a atitude vier ao encontro do que desejam.


6- A par / ao par

Errado: Ele já está ao par do ocorrido.

Certo: Ele já está a par do ocorrido.

Por quê? No sentido de estar ciente, o correto é “a par”. Use “ao par” somente para equivalência cambial. Ex: “Há muito tempo, o dólar e o real estiveram quase ao par.”


7- “Quite” / “quites”

Errado: O contribuinte está quites com a Receita Federal.

Certo: O contribuinte está quite com a Receita Federal.

Por quê? “Quite” deve concordar com o substantivo a que se refere. 


8- “Media” / “Medeia”

Errado: Ele sempre media os debates.

Certo: Ele sempre medeia os debates.

Por quê? Há quatro verbos irregulares com final –iar: mediar, ansiar, incendiar e odiar. Todos se conjugam como “odiar”: medeio, anseio, incendeio e odeio.


9- “Através” / “por meio”

Errado: Os senadores sugerem que, através de lei complementar, os convênios sejam firmados com os estados.

Certo: Os senadores sugerem que, por meio de lei complementar, os convênios sejam firmados com os estados.

Por quê? Por meio significa “por intermédio”. Através de, por outro lado, expressa a ideia de atravessar. Ex: Olhava através da janela.


10- “Ao meu ver” / “A meu ver”

Errado: Ao meu ver, o evento foi um sucesso.

Certo: A meu ver, o evento foi um sucesso.

Por quê? “Ao meu ver” não existe.


11- “A princípio” / “Em princípio” 

Errado: Achamos, em princípio, que ele estava falando a verdade. 

Certo: Achamos, a princípio, que ele estava falando a verdade. 

Por quê? A princípio equivale a “no início”. Em princípio significa “em tese”. Ex: Em princípio, todo homem é igual perante a lei.


12- “Senão” / “Se não”

Errado: Nada fazia se não reclamar.

Certo: Nada fazia senão reclamar.

Por quê? Senão significa “a não ser”, “caso contrário”. Se não é usado nas orações subordinadas condicionais. Ex: Se não chover, poderemos sair.


13- “Onde” / “Aonde”

Errado: Aonde coloquei minhas chaves?

Certo: Onde coloquei minhas chaves?

Por quê? Onde se refere a um lugar em que alguém ou alguma coisa está. Indica permanência. Aonde se refere ao lugar para onde alguém ou alguma coisa vai. Indica movimento. Ex: Ainda não sabemos aonde iremos.


14- “Visar” / “Visar a”

Errado: Ele visava o cargo de gerente.

Certo: Ele visava ao cargo de gerente.

Por quê? O verbo visar, no sentido de almejar, pede a preposição a. 

Obs: Quando anteceder um verbo, dispensa-se a preposição “a”. Ex: Elas visavam viajar para o exterior.


15- "A" / "há"

Errado: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.

Certo: Atuo no setor de controladoria há 15 anos.

Por quê? Para indicar tempo passado, usa-se o verbo haver. O “a”, como expressão de tempo, é usado para indicar futuro ou distância. Exs: Falarei com o diretor daqui a cinco dias. Ele mora a duas horas do escritório.


16- “Aceita-se” / “Aceitam-se”

Errado: Aceita-se encomendas para festas.

Certo: Aceitam-se encomendas para festas.

Por quê? A presença da partícula apassivadora “se” exige que o verbo transitivo direto concorde com o sujeito.


17- “Precisa-se” / “Precisam-se”

Errado: Precisam-se de estagiários.

Certo: Precisa-se de estagiários.

Por quê? Nesse caso, a partícula “se” tem a função de tornar o sujeito indeterminado. Quando isso ocorre, o verbo permanece no singular. 


18- “Há dois anos” / “Há dois anos atrás”

Errado: Há dois anos atrás, iniciei meu mestrado.

Certo: Há duas formas corretas: “Há dois anos, iniciei meu mestrado” ou “Dois anos atrás, iniciei meu mestrado.”

Por quê? É redundante dizer “Há dois anos atrás”.


19- “Implicar” / “Implicar com” / “Implicar em”

Errado: O acidente implicou em várias vítimas.

Certo: O acidente implicou várias vítimas.

Por quê? No sentido de acarretar, o verbo implicar não admite preposição. No sentido de ter implicância, a preposição exigida é com. Quando se refere a comprometimento, deve-se usar a preposição em. Exs: Ele sempre implicava com os filhos. Ela implicou-se nos estudos e passou no concurso.


20- “Retificar” / “Ratificar”

Errado: Estávamos corretos. Os fatos retificaram nossas previsões.

Certo: Estávamos corretos. Os fatos ratificaram nossas previsões.

Por quê? Ratificar significa confirmar, comprovar. Retificar refere-se ao ato de corrigir, emendar. Ex: Vou retificar os dados da empresa.


21- “Somos” / “Somos em”

Errado: Somos em cinco auditores na empresa.

Certo: Somos cinco auditores na empresa.

Por quê? Não se deve empregar a preposição “em” nessa expressão.


22- “Entre eu e você” / “Entre mim e você”

Errado: Não há nada entre eu e você, só amizade.

Certo: Não há nada entre mim e você, só amizade.

Por quê? Eu é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito, ou seja, antes de um verbo no infinitivo, como no caso: “Não há nada entre eu pagar e você usufruir também.”


23- “A fim” / “Afim”

Errado: Nós viemos afim de discutir o projeto. 

Certo: Nós viemos a fim de discutir o projeto. 

Por quê? A locução a fim de indica ideia de finalidade. Afim é um adjetivo e significa semelhança. Ex: Eles têm ideias afins.


24- “Despercebido” / “Desapercebido”

Errado: As mudanças passaram desapercebidas.

Certo: As mudanças passaram despercebidas.

Por quê? Despercebido significa sem atenção. Desapercebido significa desprovido, desprevenido. Ex: Ele estava totalmente desapercebido de dinheiro.


25- “Tem” / “Têm”

Errado: Eles tem feito o que podem nesta empresa.

Certo: Eles têm feito o que podem nesta empresa.

Por quê? Tem refere-se à 3ª pessoa do singular do verbo “ter” no Presente do Indicativo. Têm refere-se ao mesmo tempo verbal, porém na 3ª pessoa do plural. 


26- “Chegar em” / “Chegar a”

Errado: Os atletas chegaram em Curitiba na noite passada. 

Certo: Os atletas chegaram a Curitiba na noite passada. 

Por quê? Verbos de movimento exigem a preposição “a”.


27- “Prefiro... do que” / “Prefiro... a”

Errado: Prefiro carne branca do que carne vermelha.

Certo: Prefiro carne branca a carne vermelha.

Por quê? A regência do verbo preferir é a seguinte: “Preferir algo a alguma outra coisa.” 


28- “De mais” / “demais”

Errado: Você trabalha de mais!

Certo: Você trabalha demais!

Por quê? Demais significa excessivamente; também pode significar “os outros”. De mais opõe-se a “de menos”. Ex: Alguns possuem regalias de mais; outros de menos.


29- “Fim de semana” / “final de semana”

Errado: Bom final de semana!

Certo: Bom fim de semana!

Por quê? Fim é o contrário de início. Final é o contrário de inicial. Portanto: fim de semana; fim de jogo; parte final.


30- “Existe” / “Existem”

Errado: Existe muitos problemas nesta empresa.

Certo: Existem muitos problemas nesta empresa. 

Por quê? O verbo existir admite plural, diferentemente do verbo haver, que é impessoal.


31- “Assistir o” / “Assistir ao”

Errado: Ele assistiu o filme “A teoria do nada”.

Certo: Ele assistiu ao filme “A teoria do nada”.

Por quê? O verbo assistir, no sentido de ver, exige a preposição “a”. 


32- “Responder o” / “Responde ao”

Errado: Ele não respondeu o meu e-mail. 

Certo: Ele não respondeu ao meu e-mail. 

Por quê? A regência do verbo responder, no sentido de dar a resposta a alguém, é sempre indireta, ou seja, exige a preposição “a”. 


33- “Tão pouco” / “Tampouco”

Errado: Não compareceu ao trabalho, tão pouco justificou sua ausência. 

Certo: Não compareceu ao trabalho, tampouco justificou sua ausência. 

Por quê? Tampouco corresponde a “também não”, “nem sequer”. Tão pouco corresponde a “muito pouco”. Ex: Trabalhamos muito e ganhamos tão pouco”. 


34- “A nível de” / “Em nível de”

Errado: A pesquisa será realizada a nível de direção.

Certo: A pesquisa será realizada em nível de direção.

Por quê? A expressão “Em nível de” deve ser usada quando se refere a “âmbito”. O uso de “a nível de” significa “à mesma altura”. Ex: Estava ao nível do mar. 


35- “Chego” / “Chegado”

Errado: O candidato havia chego atrasado para a entrevista.

Certo: O candidato havia chegado atrasado para a entrevista.

Por quê? Embora alguns verbos tenham dupla forma de particípio (Exs: imprimido/impresso, frito/fritado, acendido/aceso), o único particípio do verbo chegar é chegado. Chego é 1ª pessoa do Presente do Indicativo. Ex: Eu sempre chego cedo.


36- “Meio” / “Meia”

Errado: Ela estava meia nervosa na reunião.

Certo: Ela estava meio nervosa na reunião.

Por quê? No sentido de “um pouco”, a palavra “meio” é invariável. Como numeral, concorda com o substantivo. Ex: Ele comeu meia maçã.


37- “Viagem” / “Viajem”

Errado: Espero que eles viagem amanhã. 

Certo: Espero que eles viajem amanhã. 

Por quê? Viajem é a flexão do verbo “viajar” no Presente do Subjuntivo e no Imperativo. Viagem é substantivo. Ex: Fiz uma linda viagem. 


38- “Mal” / “Mau”

Errado: O jogador estava mau posicionado.

Certo: O jogador estava mal posicionado.

Por quê? Mal opõe-se a bem. Mau opõe-se a bom. Assim: mal-humorado, mal-intencionado, mal-estar, homem mau.


39- “Na medida em que” / “À medida que”

Errado: É melhor comprar à vista à medida em os juros estão altos.

Certo: É melhor comprar à vista na medida em que os juros estão altos.

Por quê? Na medida em que equivale a “porque”. À medida que estabelece relação de proporção. Ex: O nível dos jogos melhora à medida que o time fica entrosado.


40- “Para mim” / “Para eu” fazer

Errado: Era para mim fazer a apresentação, mas tive de me ausentar.

Certo: Era para eu fazer a apresentação, mas tive de me ausentar.

Por quê? “Para eu” deve ser usado quando se referir ao sujeito da frase e for seguido de um verbo no infinitivo. 


41- “Mas” / “Mais” 

Errado: Gostaria de ter viajado, mais tive um imprevisto.

Certo: Gostaria de ter viajado, mas tive um imprevisto.

Por quê? Mas é conjunção adversativa e significa “porém”. Mais é advérbio de intensidade. Ex: Adicione mais açúcar se quiser.


42- “Perca” / “perda”

Errado: Há muita perca de tempo com banalidades.

Certo: Há muita perda de tempo com banalidades.

Por quê? Perca é verbo e perda é substantivo. Exs: Não perca as esperanças! Essa perda foi irreparável.


43- “Deu” / “Deram” tantas horas

Errado: Deu dez da noite e ele ainda não chegou.

Certo: Deram dez da noite e ele ainda não chegou.

Por quê? Os verbos dar, bater e soar concordam com as horas. Porém, se houver sujeito, deve-se fazer a concordância: “O sino bateu dez horas.”


44- “Traz” / “Trás”

Errado: Ele olhou para traz e viu o vulto.

Certo: Ele olhou para trás e viu o vulto.

Por quê? Trás significa parte posterior. Traz é a conjugação do verbo “trazer” na 3ª pessoa do singular do Presente do Indicativo. Ex: Ela sempre traz os relatórios para a gerência.


45- “Namorar alguém” / “Namorar com alguém”

Errado: Maria namora com Paulo.

Certo: Maria namora Paulo.

Por quê? A regência do verbo namorar não admite preposição. 


46- “Obrigado” / “Obrigada”

Errado: Muito obrigado! – disse a funcionária.

Certo: Muito obrigada! – disse a funcionária.

Por quê? Homens devem dizer "obrigado". Mulheres dizem "obrigada". A flexão também ocorre no plural: “Muito obrigadas! – disseram as garotas ao professor.”


47- “Menos” ou “Menas”

Errado: Os atendentes fizeram menas tarefas hoje.

Certo: Os atendentes fizeram menos tarefas hoje.

Por quê? “Menas” não existe. Mesmo referindo-se a palavras femininas, use sempre menos. Ex: Havia menos pessoas naquele departamento.


48- “Descriminar” / “Discriminar”

Errado: Os produtos estão descriminados na nota fiscal.

Certo: Os produtos estão discriminados na nota fiscal.

Por quê? Discriminar significa separar, diferenciar. Descriminar significa absolver, inocentar. Ex: O juiz descriminou o jovem acusado.


49- “Acerca de” / “a cerca de”

Errado: Estavam discutindo a cerca de política. 

Certo: Estavam discutindo acerca de política.

Por quê? Acerca de significa “a respeito de”. A cerca de indica aproximação. Ex: Eu trabalho a cerca de 5 km daqui.


50- “Meio-dia e meio” / “Meio-dia e meia”

Errado: Nesta empresa, o horário de almoço inicia ao meio-dia e meio.

Certo: Nesta empresa, o horário de almoço inicia ao meio-dia e meia.

Por quê? O correto é meio-dia e meia, pois o numeral fracionário concorda em gênero com a palavra hora.